quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O Incal "Negro" - Uma nova acepção do termo!

Fui quente ontem no FIQ, o encontro Bienal de Quadrinhos daqui de Belo Horizonte, pensando em comprar, entre outras coisas, a série completa do Incal da dupla Jodorowski e Moebius nos albuns da Devir.

Mas esbarrei num entrave inarredável: a nova colorização computadorizada escurece os desenhos do artista francês ao ponto de descaracterizar totalmente a arte dele, tirando o charme "linha clara" da qual Moebius e Hergé eram os papas principais.

Então fui dar uma checada na Web pra ver se mais alguém confirmava essa minha impressão pouco lisonjeira sobre a edição atual e vi meu semi-conterrâneo Wellington Srbek comentando o mesmo em relação ao trabalho "prequel" Antes do Incal. Ele recebeu um comentário com um link para uma página cheia de comparações entre as duas versões que realmente confirma todas as minhas impressões iniciais.

Não sei onde esse pessoal estava com a cabeça de terem consentido em uma recolorização que acaba fazendo algo obsceno e aberrante como no exemplo comparativo abaixo





Blasfêmia, irmãos!

A nova colorista usa a pintura digital pra ficar adicionando texturas e profundidade onde a arte sutil de Moebius já primava por obter os mesmos efeitos com um matizado suave e o magistral domínio da perspectiva. O trabalho do colorista é salientar os detalhes da arte e seus pontos fortes e não ocultá-los debaixo de um visual empastado e escurecido tal como esse daí que distrai o olho do leitor do foco desejado pelo artista.

A colorista chega a pintar uma calça azul marinho como se fosse preta!! E as letras do grito de John Difool que eram brancas passam a ser negras. Onde já se viu isso? Colorido e textura negra devem ser colocados em objetos que tenham sido arte-finalizados como sendo realmente pretos ou escuros e não em coisas que na arte original tinham um matiz claro. Pura irresponsabilidade!! Valerie Beltran foi intrusiva. Quem é essa "beltrana" para achar que pode ficar acrescentando coisas não existentes no original ao invés de colaborar com o trabalho de Moebius?

Bola fora dos editores atuais do material. Espero que futuras reedições do Incal e da prequel Antes do Incal reabilitem os méritos da colorização original de Yves Chaland , respeitando a arte do Mestre e de Janjetov. O mais adequado seria uma "renderização" digital e polimento/envernização das cores originais e um completo descarte dessa nova colorização.
De positivo é o fato de que ao contrário do que houve com Incal a arte da saga dos Metabarões teve a cor de suas pinturas respeitada sendo que o aí sim o papel e o trabalho gráfico da Devir realmente podem ser apreciados em todo o seu esplendor e não "desperdiçados" em algo que ao invés de "iluminar" obscurece o que devia ser o "Incal Luz".

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