segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Wonder Woman and the War against Terror


Uma pérola dos boards, um membro do fórum escrevendo como se fosse a Wonder Woman comentando a Guerra dos EUA contra o Terror...

Daybreaker
Yeah, but think about it. It's scary out there right now. If you write a story about Wonder Woman preaching peace, you're a namby-pamby terrorist-coddling coward. If you write a story about Wonder Woman supporting the "war," you're a baby-killing oil-grubbing tool.
There's just no way to write this stuff without pissing someone off. Heck, I can't even think of a way to write anything without pissing everyone off.

For example, my take on how Wonder Woman would see the "War on Terror" ...

"When I first came to Patriarch's World, I immersed myself in the literature of your culture. I learned a great deal about the world in this way. Your stories, especially, reflect certain unspoken truths and things that you take for granted.

"There are things within those tales that have not changed since the time of Ancient Greece. Certain myths remain inviolate.

"No matter what the culture, there is always the story of Prometheus, or Daedalus, or Frankenstein. A great mind with a fanatical purity of intention creates a monster. The creator both hunts and is hunted by his creation, until at last they meet and the maker discovers that he was the monster all along.

"America claims that it wishes to eradicate all terror from the world, as if that were a possible thing to do without eradicating all of humanity.

"Still, it sounds like a noble cause, but twisted by America's own hypocrisy. The monsters that it seeks to destroy are monsters of its own creation, with weapons forged in the furnace of America's own wars of propoganda.

"Worse, to the rest of the world, it seems that the cure might be more disastrous than the disease. Shall they willingly trade terror for oppression? Does America now ask them to hand over their lives and freedoms to a nation whose over-riding philosophy is perceived to be one of profit at all cost to humanity?

"This so-called war on terror reeks not only of hypocrisy, but also of opportunism. I cannot support it, and should America come to the shores of Themyscira seeking to make us peaceful and profitable, America will have found an enemy in the Amazons."


That's not exactly how I see it, mind you ... but that's how I imagine Diana would see it. But how the hell do you write something like that in today's climate? Hell, I don't feel entirely safe putting it on a message board.

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"You want to know how tough I am? I fought City Hall and won. Not only did I win, but I kicked City Hall's sorry butt down the street and fed City Hall's goldfish to my dog. Then I brought City Hall's daughter home the next morning with no virtue and a big, dopey grin on her face. So, anybody wanna arm-wrestle?"

-- Superman, The Icon

E para dar um toque dialético...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Cânons "pessoais", forças cósmicas e dialética- entre o misticismo e a mistificação



Separados na maternidade: Savitar e seu "duplo" visual da "casa das idéias" ( Marvel Comics), Lorde Pandemonium



Mark Waid parece ter criado outro análogo alquimista de Savitar e Mestre Pandemônio com o vilão Megistus da sua fase em Brave and the Bold.O visual ridículo parece ser proposital e repleto de nuances metafictícionais, talvez, ao próprio Waid.

Claro que todos os vilões acima espelham a fonte primária que era Esteban Diablo o alquimista maligno do universo Marvel



Awk-Waid treatment. Por causa de um debate que estou tendo nesse momento com o Fandom Tolkieniano ao mesmo tempo em que converso com um amigo estava tendo minhas memórias reavivadas sobre a linha tênue que medeia entre Cânon pessoal, Cânon e Intenção Autoral .

Outro caso interessante discutido

Estamos revisando a Bíblia da Supervelocidade no Universo DC, o subuniverso dos Flashes, e vendo se havia ou não "Grimórios" escritos a respeito do assunto. As nossas visões discrepantes , frequentemente, dependem de uma análise retroativa de certas coisas. À medida em que nos aprofundamos,todavia, mais e mais fico com a minha convicção reforçada em alguns tópicos.

a)A memória das pessoas é sempre uma coisa traiçoeira, inclusive a nossa, confiar nela e em "vista de olhos" para se avaliar presença ou ausência de certas coisas é atitude que leva a muitos e repetidos erros.

b) Asssim como acontece com coisas como a atitude de JRRT em relação às recém discutidas "asas dos balrogs" autores de HQ também, voluntariamente ou não ( podem ocorrer censuras,decretos editoriais que mudam uma história em media res), às vezes, deixam certas matérias para serem lidas à escolha do freguês, eles, frequentemente, dão tiro para todos os lados como se quisessem cooptar todo tipo de perspectiva ou "crença particular".

Casos assim acontecem o tempo todo e até autores com relativa liberdade criativa parecem ser vítimas de reinterpretações retroativas das próprias histórias ainda no meio delas: Macbeth parece ter um evento assim , com a súbita e inexplicada mudança de consciência de Lady Macbeth, e o mesmo parece ter acontecido vezes sem conta com autores diversos como Tolkien, Rowling, Lloyd Alexander, Clamp, Neil Gaiman, Phil Jimenez, e outros tantos só para ficar naqueles casos que estão mais frescos na minha memória. Então percepções variantes sobre o que estava de fato mesmo acontecendo em uma trama podem variar até porque partes de uma história parecem ser norteadas hora por um paradigma e uma intenção autoral hora por outro completamente diferente e nem sempre a colagem delas resulta em algo homogêneo por mais esforço e competência que o autor tenha. Se até Shakespeare pecou no quesito plausibilidade em fazer a mentora intelectual do crime da peça, de repente, aparecer aniquilada pelo remorso que podemos esperar de outros artistas "menores"? Claro que teremos , inevitavelmente, N respostas de cânons pessoais para explicar o arrependimento da Lady. E, sem dúvida, que nem todas seriam sonhadas sequer pelo Bardo Inglês. O que nos leva ao ponto C.

c)Assuntos controversos dentro do cânon sempre dão margens à variantes e cânons pessoais conflitantes e /ou fânons e, em universos ficcionais compartilhados, o que se tem é sempre uma permutação entre essas coisas. O cânon pessoal de um fã pode, dali a dez anos, ser transformado em cânon, se tornando a leitura "oficial" sobre o dito assunto controverso e isso pode ou não estar de acordo com a vontade do autor original, mas isso, no fim pouca importância terá, porque ele próprio, numa medida ou outra, terá feito a mesma coisa com seus predecessores no título. Essa é a beleza e/ou a maldição dos universos ficcionais compartilhados feitos como ficção serializada ao longo de décadas.Aceitar essa verdade e ,talvez, até mesmo flexibilizar um pouco nossos personal canons faz parte do processo de se curtir com deleite a leitura dessas coisas.

Quando isso não é mais possível acho que o mais recomendado é parar de ler. É o que faço e farei até segundas ordens com meus personagens favoritos do DCU, os Titãs. Enquanto suas histórias estiverem ruins e distando em demasia do meu "canon pessoal" não lerei NADA e estarei muito mais feliz me esbaldando com Rebels e as "vrilanias" de Vril Dox, AKA Brainiac II.

No caso de Mark Waid, nessa saga um tanto "awk-waid" se me permitem o intended pun, do vilão speedster caído Out of the blue through retcon aditivo, Savitar, ele( o autor), toda hora, coloca alguns personagens conjecturando sem prova ou evidência conclusiva que a Força, digo a Speed Force, não é senciente mas , constantemente, dá mostras de que a coisa pode não ser tão simples assim, criando,propositalmente, um "cisma" doutrinário a respeito do assunto, com hints e teasers meio que contraditórios na mesma história o tempo todo. E depois dela também. Eu e meu amigo estávamos na dúvida se existiam os tais grimórios, ele foi reler os gibis e disse que não, que eu estava enganado em dizer que Jesse Quick havia mencionado sua presença no castelo de Savitar.

fui lá olhar a origem do Savitar... E não foi Jesse quem disse a origem dele, foi Linda. E ela tava lendo um diário antigo do Max. E a palavra usada não era Grimoires, era Volumes!

Intrigado, porque tinha certeza absoluta de que não tinha imaginado os tais grimoires, e também não tinha dito que era na hora em que se contava a origem do personagem com cara de vilão canastrão "latrino"* fui lá(pela segunda vez) e peguei os comics e confirmei: autênticos ou não eles existem mesmo, são grimórios, livros e pergaminhos e foram mencionados pela tal personagem, sendo que, logo depois, já veio o "voice of god putativo", Max Mercury, dizendo que ele acha que os tais livros são fajutos, forjados pelo vilão Savitar. Se foi mesmo o caso ele realmente deve ter tido um tremendo trabalho ao ponto de forjar escritos em pergaminho... Pra mim fica a impressão constante que o Max Mercury tem é inveja do Savitar assim como ele tem inveja do Wally mas isso é meu "canon pessoal".

*Savitar era cubano e em tudo lembra o estereótipo do latino que bate em mulher, judiando da panguá dominada vítima "amorosa" de Wally(mais uma)Lady Savitar, lembrando o filme do Almodóvar, Carne Trêmula: "é ele conheço seu jeito de esmurrar portas...)





Conclusão: Mark Waid ,assim como Tolkien no esquema dos balrogs, toda hora dá margem à dupla interpretação sobre o mesmo assunto e de um modo que parece proposital. Entretanto, como acontece sempre na mídia das HQs, o pêndulo que uma hora pende pra um lado oscila para outro e a interpretação "científica-agnóstica-ateísta" da matéria da Speedforce agora cedeu espaço para a outra Mística/Teísta. Para a agonia de muitos. O lance é que , no meu entendimento, por causa da dicotomia exemplificada nesses dois quadros, a saga original dava mesmo margem aos dois raciocínios e , no meu modo de ver, ambos podem estar corretos, contraditórios e complementares como muita coisa por aí.

A impressão que fica é que Waid tinha muito mais coisa planejada para explorar o potencial do vilão e que ele foi vítima de uma "abortagem" compulsória ordenada pela DC. A história do Savitar tinha todo o jeito que era o começo de uma investigação retroativa de uma "linhagem" de speedsters no DCU no rumo do passado á la Alan Moore no Monstro do Pântano e sua monumental construção da dinastia dos Elementais "Eternal Champion" onde ele fez mitologia comparada, world building,crítica literária e história das HQs ao mesmo tempo. Impossibilitado de fazer isso e obrigado a dar um sumiço a la trapdoor de JMS no B5 no personagem do Savitar sumindo com ele de um jeito beeemm Deus Ex Machina o Waid parece ter tomado o sentido oposto. Explorar a dinastia da Speedforce no rumo do Futuro e para isso criou o conceito "out of the blue" do Cobalt Blue mas isso é uma outra história que por enquanto aqui só vai receber um "flash".

Voltando ao Savitar ele parece ser mais um dos vilões desperdiçados como Lady Macbeth, Circe, Shim'tar,Verônica Cale na Wonder Woman, Agamemnon no Hulk do Peter David, Flagelo e o novo Irmão Sangue nos Titãs, vítimas de processos litigiosos de divórcio ou partilha resultante de divergência entre co-autores, autor-editora, ou autor-editor que vivem acontecendo por aí, onde histórias são abandonadas, coisas acontecem off-panel, trapdoors se abrem e cânons pessoais surgem para tapar os buracos.

E aí como ficamos? Speedforce é senciente ou só "combustível energético", Savitar era um profeta diabólico "anticristo" para o "messias" Flash ou só um Jimmy Swaggart ou Tim Tones da Speedforce? Lady Macbeth, a famigerada Lady Gruoch, era a víbora manipuladora do início da peça ou uma presa contrita cativa na sua própria teia cujos processos mentais rolam numa "peça" não escrita, paralela aos eventos que Shakespeare mostrou?

A resposta provável, pra variar, parece aquele famoso provérbio hobbit feito em relação aos elfos:

Go not to the elves for counsel, for they will say both yes and no.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

As Crônicas de Prydain-Desconstruindo o Senhor dos Anéis e achando o Mabinogion



Todo mundo quando se fala em Senhor dos Anéis ao falar das fontes só enfatiza os paralelos com a tradição nórdica, que incluía os materiais que deram origem ao Anel do Nibelungo de Richard Wagner. Mas , será que a história acaba aí? Para além das fontes arturianas, também célticas, estudadas com cada vez mais ênfase, há também as analogias com um dos livros favoritos de Tolkien , o Mabinogion, texto mitológico da cultura galesa, do qual Tolkien possuía numerosas edições. Os débitos de Tolkien com a mitologia galesa serão tema de um seminário na Inglaterra ano que vem. Mas ,para nós , brasileiros, que só temos, até agora, dois pequenos livros traduzidos estudando as fontes de Tolkien e ainda não vimos nem sombra do Mabinogion qual é uma maneira lúdica e eficiente de enxergar as correspondências?

Resposta: lendo as Crônicas de Prydain de Lloyd Alexander.

Lloyd Alexander era um autor norte americano, criador das Crônicas de Prydain, recentemente publicadas aqui no Brasil. Ele, aparentemente, criou as Crônicas em cima de uma engenharia revertida do Senhor dos Anéis, rementendo todo mundo, lugares, pessoas, conceitos aos seus originais célticos encontrados no Mabinogion. Ao fazer isso ele foi precursor de análises que já começaram no ano seguinte da conclusão da sua série de cinco livros ( publicada entre 1964 e 1968, no boom da segunda edição "oficial" do Senhor dos Anéis, a que foi adotava massivamente pela contracultura hippie). Já no ano seguinte em seu seminal e pioneiro livro sobre Tolkien, Undestanding the Lord of the Rings,Lin Carter já saiu fazendo a comparação óbvia sugerida nas páginas das Crônicas de Prydain entre os Elfos tolkienianos e os Tuatha Dé Danaan, que , nas Crônicas de Prydain, apareciam sob o seu nome galês, Povo de Don, a "Casa" da Deusa Don do Mabinogion.



O curioso com as Crônicas é que ela serve para traduzir os personagens de Tolkien com seus análogos galeses do Mabinogion de uma maneira muito eficiente do ponto de vista narrativo e teórico, criando um novo texto literário, um "palimpsesto" da mesma matéria-prima ao invés de fazer um ensaio ou tese "seca". Isso é algo que Tolkien, sem dúvida, aprovaria já que ele, de maneira semelhante, fizera a mesma coisa quando criou a sua mitologia e achava que o autor de Beowulf tinha feito o mesmo com a dele. O caso de Melian e Merlin já mostrado nesse blog é ilustrativo dessa tendência do autor onde Tolkien deixou implícita não só a comparação entre Melian/Thingol e Merlin, como, linguisticamente, fez uma , provavelmente pioneira, comparação entre Merlin e Gwendolyn galeses/bretões com Endimion e Selene da mitologia grega, criando uma "ponte" com seu próprio Legendarium.



Pois é, voltando a Lloyd Alexander , ele fez a mesma coisa nas Crônicas, a gente pode encontrar os originais celtas de Mordor, Sauron, Saruman,dos Nazgûl, Gandalf, Boromir, dos Elfos, Aragorn e, por último mas não menos importante, talvez, Tom Bombadil.

Mas o quanto desse processo de engenharia revertida era consciente por parte de Alexander? A julgar por esse quote que eu peguei no google books, aparentemente, muito dele foi deliberado e consciente,pois, Alexander, ostensivamente, comparou o seu Povo de Don com os elfos tolkienianos



Também estão embutidas diversas comparações possíveis entre Arawn, Lorde da Morte, e Sauron do Senhor dos Anéis como foi bem comentado nesse trecho do mesmo livro citado.



Os insights de Lloyd Alexander, quarenta anos adiantados em relação aos críticos mainstream atuais, mesmo aqueles que são fãs de Tolkien, demonstram bem que nem sempre é preciso ser um "scholar" para fazer boa "scholarship".

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Tolkien and Iceland:The philology of envy



Em homenagem a essa picture encontrada hoje durante as pesquisas dos últimos posts e em saudação às intenções de Tolkien que pretendia resgatar as coisas "nórdicas" do vilipêndio sofrido nas mãos dos fascistas do século XX em particular os membros do Terceiro Reich.


Mesmo assim, suponho que sei melhor do que a maioria das pessoas qual é a verdade sobre esse absurdo “nórdico”**. De qualquer modo, tenho nesta Guerra um ardente ressentimento particular — que provavelmente faria de mim um soldado melhor aos 49 do que eu fui aos 22 — contra aquele maldito tampinha ignorante chamado Adolf Hitler (pois a coisa estranha sobre inspiração e ímpeto demoníacos é que eles de modo algum aumentam a estatura puramente intelectual: afetam mormente a simples vontade), que está arruinando, pervertendo, fazendo mau uso e tornando para sempre amaldiçoado aquele nobre espírito setentrional, uma contribuição suprema para a Europa, que eu sempre amei e tentei apresentar sob sua verdadeira luz. Em nenhum outro lugar, incidentalmente, ele foi mais nobre do que na Inglaterra, nem inicialmente mais santificado e cristianizado.....


Tolkien, Laxness, Undset. Tom Shippey: (13.09.2002)


Symposium, The Nordic House
Tolkien, Laxness, Undset
September 13th -14th 2002

Tom Shippey

TOLKIEN AND ICELAND: THE PHILOLOGY OF ENVY


One of the things most often said about J.R.R. Tolkien is that it was his intention, in his fiction, to create "a mythology for England." It seems that he never in fact used this particular phrase; but just the same, on more than one occasion he said something quite similar. Thus, in one letter written after the publication of The Lord of the Rings, or Hringadrottins saga, he says that he had "set myself a task, the arrogance of which I fully recognized and trembled at: being precisely to restore to the English an epic tradition and present them with a mythology of their own." [1] Another and earlier letter declares in more detail that "once upon a time (my crest has long since fallen) I had a mind to make a body or more or less connected legend, ranging from the large and cosmogonic to the level of romantic fairy-story... which I could dedicate simply to: to England; to my country." [2] This second letter was written in 1951, when The Lord of the Rings was still not published, and not accepted by any publisher, while The Silmarillion had been shown once to a publisher and firmly rejected. We know now that in 1951 Tolkien had already written a body of legend ranging from the cosmogonic (the early parts of The Silmarillion) to an epic romance (The Lord of the Rings). He abandoned the attempt to dedicate these works "to England; to my country," but it is very likely that a major initial motive for him was both nationalist and mythological.

In this, of course, he was by no means alone, though he was a hundred years late. In 1835 Jacob Grimm had produced his Deutsche Mythologie, and even earlier Nikolai Grundtvig had produced his two different versions of Nordens Mytologi (1808 and 1832), both of them with similarly nationalist motives. Tolkien, however, had a problem, or rather two problems, which were not so acute for his two predecessors. One is that almost nothing survives of Old English pre-Christian tradition, or myth: there is no Old English Edda. There is no English equivalent to Jón Árnason, either, not even to the Grimms' Haus- und Kindermärchen. By the time folk-tale collectors got to work in England, there was almost nothing left to collect. This was not true in other areas of the British Isles - so, for instance, the Grimms could bring out in 1826 their translation of Thomas Croker's Irische Elfenmärchen - but Tolkien was never a British or Celtic nationalist, he was an English nationalist, so this was no help to him. In the second letter already quoted he says indeed:


I was from early days grieved by the poverty of my own beloved country: it had no stories of its own (bound up with its own tongue and soil), not of the quality that I sought (and found as an ingredient) in legends of other lands...Of course there was and is all the Arthurian world, but powerful as it is, it is imperfectly naturalised, associated with the soil of Britain but not with English [and also] it is involved in, and explicitly contains, the Christian religion. For reasons which I will not elaborate, that seems to me fatal...

An element of jealousy, or envy, is added in a note he wrote maybe as early as 1917, in which he declares, speaking of very early versions of The Silmarillion, "Thus it is that...the Engle [the English] have the true tradition of the fairies, of which the Iras and the Wealas [the Irish and the Welsh] tell garbled things."[3] Tolkien wanted English myths, and English legends, and English fairy-stories, and these did not exist. He refused to borrow from Celtic tradition, which he regarded as alien. What was he going to do? The answer is, of course, that he was going to borrow from Old Norse, which, for philological reasons, he did NOT regard as alien.

Tolkien, however, had another problem, which is that he was his life a believing Christian and (unlike Grimm and Grundtvig) a Roman Catholic. It could well be said that a believing Christian has no business reviving heathen myths and constructing alternative mythologies. There is only one true myth, which is the Christian one, and it tolerates no competitors, as we all know from the First Commandment, "Thou shalt have no other gods but me." If the first question I have raised, then, is "HOW could Tolkien create a mythology for England ?", my second must be "WHY would he want to create a mythology for anyone?" I shall give my detailed answer to this second question first.

*

It is very easy now for us to forget or to underestimate the impact which Old Norse literature had on the learned world as it was rediscovered, from Icelandic sources, between the seventeenth and the nineteenth centuries. The history of this impact has been written in part, for instance by Dr Wawn in his book The Vikings and the Victorians, but of course it began before the Victorians. I cannot give a complete account any more than anyone else, but major turning points include Ole Worm's Runer, seu Danica Literatura Antiquissima vulgo Gothica dicta hic reddita opera (1636), based on manuscripts supplied by Magnús Óláfsson of Laufás, Bishop Brynjófr Sveinsson's delivery of the Codex Regius manuscript of the Poetic Edda to Copenhagen in 1662, Thomas Bartholinus's Antiquitatum Danicarum de Causis Contemptæ Mortis a Danis adhuc gentilibus libri tres ex vetustis codicis & monumentis hactenus ineditis congesti (1689), Mallet's Monumens de la mythologie et de la poésie des Celtes et particulierement des anciens Scandinaves (1756), Thomas Percy's translation of Mallet as Northern Antiquities (1770), and Percy's own Five Pieces of Runic Poetry, translated from the Islandic Language (1763) Furthermore, even the partial accounts of this impact which I know about do not answer the question, what made the Poetic Edda, and Snorri Sturluson's Prose Edda, and the Krakumál, and indeed the fornaldarsögur, so irresistibly attractive. I will give here, very briefly, three reasons, which I think apply to Tolkien's urge to recreate England's missing mythology, and perhaps to other recreators as well.

The first is that Old Norse myth is strangely funny. I don't mean "comic," exactly, I mean amusing. Thórr is often a figure of fun, in a way which is not true of Zeus or Jupiter. Think of him disguised as Freyja when he tries to recover his hammer in Þrymskvida, with the giant asking:

Hví eru öndótt augu Freyju?

Þykki mér ór augum eldr of brenna

and Loki craftily replying:

Svaf vætr Freyja átta nóttum,

svá vas hon óðfús í Jötunheima.

Think of him struggling to drain the drinking-horn in the house of Útgarða-Loki, which is connected to the sea, or to pick up the cat, which is really the Miðgarðsormr. This is not the kind of story we are told about Hercules. But there are plenty of other examples. The Krakumál ends with Ragnar Loðbrók saying hlæjandi skal ek deyja, and in another of the versions of his death in the ormgarðr his last words are gnyðja munu grísir ef galtar hag vissi - "if they knew how the old boar died, the little pigs would grunt." But gnyðja is surely a vulgar word, and "the little pigs" is a funny way to refer to Ívarr hinn beinlaussi and Sigurðr orm-i-auga. They do not say things like this in Virgil's Aeneid.

Nevertheless these vulgar or amusing ways of telling mythic or heroic story are not intended in any way to diminish the status of Norse gods or heroes, just the opposite. And Norse saga and edda is perfectly capable of reaching out to the sublime and the magnificent, as we see from the Völuspá or the Sólarljóð. You will find the funny, and the heroic, and the sublime, all very close together in the pages of the Introduction to Old Norse brought out by E.V. Gordon in 1927, a book which announces its special debt to Tolkien in the "Preface," and which was clearly prepared at a time when Tolkien and Gordon were close colleagues and collaborators, at Leeds University in the mid-1920s. I would sugest, in fact, that this book shows very well a second reason for the attraction of Old Norse literature in the learned world, which is that as well as being funny, it rejects the classical notion of decorum: of keeping the styles separate, high style, middle style, low style. This is notoriously a native English trait as well - it is what made Shakespeare unacceptable to Voltaire - but Old Norse literature gave this English failing a distinguished ancestry. (Let me note, en passant, that in this Introduction Gordon gives a strangely composite account of the Battle of Stiklastaðir, which is highly "indecorous," and reminds me in a way of the end of Gerpla.)

However, the third reason I would indicate for the powerful impact of Old Norse on European scholars, and on Tolkien, is the rationale it gives for heroism. The most surprising image of Old Norse mythology, for Christians, is perhaps the idea of Ragnarök, an Armageddon which the wrong side wins. Tolkien was very impressed by this, as one can see from his comments in his 1936 British Academy lecture on Beowulf:

It is the strength of the northern mythological imagination that it faced this problem, put the monsters in the centre, gave them victory but no honour, and found a potent and terrible solution in naked will and courage. 'As a working theory absolutely impregnable.' So potent is it, that while the older southern [i.e. Classical] imagination has faded for even into literary ornament, the northern has power, as it were, to revive its spirit even in our own times. It can work, as it did even with the goðlauss viking, without gods: martial heroism as its own end. But we may remember that the poet of Beowulf saw clearly: the wages of heroism is death. [4]

However, one can also see that - writing just before the outbreak of World War II - Tolkien was also rather disturbed by it: he saw that the ethos it represented could be used by either side, as indeed it was in the deliberate cultivation of Götterdämmerung by the Nazi leadership a few years later. Nevertheless it did provide an image of heroic virtue which could exist, and could be admired, outside the Christian framework. In some respects the Old Norse "theory of courage" might even be regarded as ethically superior to the Classical if not to the Christian world-view, in that it demanded commitment to virtue without any offer of lasting reward. Men must fight monsters because it was their duty, not because they thought the monsters would lose, or the gods would win. In the deep disillusionment which overtook the Western world, and England especially, after 1918, the Old Norse mythology seemed immune to self-doubt, precisely because it had no self-belief.

In answer to my question, WHY did Tolkien want to invent a new mythology, then, I would say that, like Grimm or Grundtvig, he very much wanted a mythology which seemed native, which was not identifiably Judaeo-Classical. He also felt that Old Norse mythology provided a model for what one might call "virtuous paganism," which was heathen; conscious of its own inadequacy, and so ripe for conversion; but not yet sunk into despair and disillusionment like so much of 20th century post-Christian literature; a mythology which was in its way light-hearted. He defended his right to create mythology in a long poem called "Mythopoeia." But I would just add that one final attraction which Icelandic literature had for Tolkien was the fact that so much of it is lost. All his life, Tolkien enjoyed filling gaps in what survives. There is, for instance, a well-known gap in the Codex Regius manuscript of the Poetic Edda, where some eight pages of the Sigurðr cycle are missing. But Tolkien wrote two poems to fill this gap, in Old Norse, in the appropriate meter, which are called, we believe, Sigurðarkvida hin nyja and Guðrunarkviða hin nyja. Unfortunately these remain unprinted.


*


I should turn now to my other question, HOW Tolkien created his new "mythology for England" with nothing English to work from, and the answer is in essence quite simple. He practised what we shall call the Leeds University Evasion, still in perfect working order, which is to say that Norse literature is really English: first, because the two languages, and cultural traditions, are philologically cognate, and second because once upon a time, in parts of England, including Leeds, the natives spoke Norse as well as English. The poems of the Elder Edda may not be written in English but they could have been written in England. In any case, perhaps they are written in English. Grímur Jónsson Thorkelín said that Beowulf was written in Old English, but, like Old Icelandic, this is just a dialect of Old Danish, poema danicum dialecto anglosaxonica. Grundtvig agreed with him, saying that all these languages are just dialects of Old-Nordisk. Grimm of course did not agree, insisting that English was a German language, a form of Plattdeutsch, but then what do you expect? He was answered by Gísli Brynjólfsson in the 1850s, who argued that English was really South-Scandinavian, not West-Germanic. The last work of George Stephens, the Copenhagen professor, was titled Er Engelsk en tysk sprog?, and his answer was "No"! The issue remains debatable to this day. But let us just say that it is easy, and philologically justifiable, to translate Old Norse into Old English, and to tell yourself that what you have created really did once exist: and that is what Tolkien repeatedly did.


We can see this from the very dawn of his fiction, written perhaps as early as 1917, though not published till almost seventy years later. In these early drafts of The Silmarillion Tolkien creates a pantheon of Valar, who are so to speak demigods, or demiurges, subordinate to Eru, the One, who is God, of whom they are well aware, but with supernatural powers far above the human. The Valar, you might say, are the Æsir fitted in to a Christian framework. One in particular, the warlike Vala Tulkas, seems to be a rewriting of Snorri's account of the god Týr, while his name looks very like the hypothetical Primitive Germanic form of the Norse word tulkr, "spokesman," which came to mean "warrior" in Middle English: so, you see, the word is English, "tolke," but derived from Norse, tulkr, but both are derived from the same root *tulkas, so Norse and English are really the same thing. In the same way Tolkien rather doubtfully incorporates a version of Snorri's description of Valhöll into his early mythology (later dropped as too warlike); while the very seed of all his mythological writings seems to be the idea of the elves, or álfar. I shall say nothing about this, knowing that Dr Gunnell is going to take the topic up, except that once again the very thin and flimsy accounts in Old English of the ylfe - just enough to show that the early English knew the word and the concept - are very much expanded to take in the accounts of Snorri Sturluson, and I suspect of Danish and Norwegian medieval ballads.

However, perhaps the most revealing aspect of Tolkien's early mythology is his attempt to explain how it came to him. As a philologist, it was never enough for him to have a story: he also had to have a chain of transmission. How was it that the English alone had "the true tradition of the fairies, of which the Irish and the Welsh tell garbled things." Tolkien's answer was that the mythology of the elves had been told by them to an early Englishman, whose name was Ottor (not Ohthere, which would be definitely English, not Ottarr, which would be definitely Norse, but Ottor, which could be either). This Ottor was the father of Hengest and Horsa, the legendary founders of England, so he must have been English. But no, for Hengest is known to have been a Jute, from Jutland, and so Danish. But no, because in Tolkien's view the Jutes of that time were deeply hostile to the Danes, and Beowulf is in part about that Jutish-Danish-English confrontation. So what was Hengest - or Henjest, as Tolkien always called him, insisting on the palatalisation ? Never mind. His father Ottor, the bearer of the true tradition, was the ancestor of the English, but himself Norse. And the first man in Tolkien's mythology was not called Askr, as he is in Völuspá, but Æsc - the same name, but with English palatalisation. Tne English got the story right, the Celts got the story wrong, but the Norse are the ones who happened to remember it. Translate Old Norse, or Old Icelandic, back into Old English - they are after all the same language - and everything will be OK.

This was Tolkien's procedure not only in The Silmarillion but also to some extent in the more famous and more popular works, The Hobbit and The Lord of the Rings. The most inarguable case must be the names of the dwarves in The Hobbit: in order of appearance, on Bilbo Baggins's doorstep, Dwalin, Balin, Kili, Fili, Dori, Nori, Ori, Oin, Gloin, Bifur, Bofur, Bombur, Thorin Oakenshield son of Thrain son of Thror, descendant of Durin and relative of Dain, eighteen names in all including one nickname, and the nineteenth name of course being Gandalf. Well, there can be no doubt where these come from. They come from the "Dvergatal" section of Völuspá, which I give in Snorri's version:


Nýi, Niði, Norðri, Suðri,

Austri, Vestri, Alþjófr, Dvalinn,

Nár, Náinn, Nípingr, Dáinn,

Bífur, Báfur, Bömbur, Nóri,

Órinn, Ónarr, Óinn, Miöðvitnir,

Vigr og Gandálfr, Vindálfr, Þorinn,

Fíli, Kíli, Fundinn, Váli,

Þrór, Þróinn, Þettr, Litr, Vitr ...

Hár, Hugstari, Hléþjófr, Glóinn,

Dóri, Óri, Dufur, Andvari...

Álfr, Ingi, Eikinskjaldi. [5]


Seventeen of the nineteen names are there, and Dúrinn is just a few lines away as the ancestor of the dwarves, just as he is in Tolkien. However Tolkien did not just copy the "Tally of the Dwarves", or quarry it for names. He must rather have looked at it, refused to see it, as most scholars do, as a meaningless or no longer comprehensible rigmarole, and instead asked himself a string of questions about it. What, for instance, is "Gandálfr" doing in the list, when the second element is quite clearly álfr, "elf", a creature in all tradition quite distinct from a dwarf? And why is "Eikinskjaldi" there, when unlike the others it does not seem to be a possible name, but looks like a nickname, "Oakenshield"? In Tolkien of course it is a nickname, the origin of which is eventually given in Appendix A (III) of The Lord of the Rings. As for Gandálfr, or Gandalf, Tolkien seems to have worked out a more complex explanation. In early drafts of The Hobbit Gandalf was the name given to the chief dwarf, but Tolkien soon abandoned this: is someone is called álfr he cannot be a dwarf. Gand, however, must mean "staff," and a staff or magic wand is what magicians carry; and a magician might be called an álfr by people who associated the elves with magic. So Gandalf is a wizard, but the first thing that Bilbo sees is "an old man with a staff". The name creates the staff, and the staff creates the idea of a wizard. What Tolkien did, in other words, was to take the "Dvergatal" seriously; to assume that it was a record of something that had had a story attached to it, an Odyssey of the dwarves; and that it had got garbled, so that nicknames got mixed up with names, and a magician, or elvish creature, with a magician's staff, had been listed wrongly but understandably, as a dwarf, when he was really a companion of the dwarves.


None of this explains Mr Baggins, or hobbits, but hobbits are easily overlooked. The creatures that he meets, however, very often come from Tolkien's imaginary world where Norse names and Norse concepts were appropriated as English. There are, for instance, the Wargs, the intelligent wolves who seem a cross between Old English wearh and Old Norse vargr; or Bard the bowman, son of Brand, who could easily be Barðr son of Brandr; or Beorn the were-bear, who is like both Böðvarr Bjarki in the Hrolfs saga Kraka and Beowulf in the English epic, and whose name could just as easily be Björn, as indeed it is in he Icelandic translation Hobbitinn; or of course the dragon Smaug. If he were an English dragon, his name would come from the verb *sméogan, and would be *smeah, and there is a reference in Old English to the smeogan wyrme, the "creeping worm." But this time Tolkien has translated the Old English into Old Norse, the verb smjúga, whose past tense is smaug, "he crept." So if Beorn is an English hero, and Gollum, or Sméagol as he once was, is an English villain, Smaug is a Norse dragon, perhaps because his enemies are Norse dwarves. But they all move in the same world. To Tolkien it was the same world: Middan-geard, Miðgarðr, Middle-earth.


But Icelandic literature, and here I do mean Icelandic specifically, not the more neutral term Norse, had one more and more significant utility for Tolkien: which is that it gave him a behaviour-pattern. The dwarves in The Hobbit are rather attractive people, but no-one could call them "nice." They are surly, vengeful, tight-fisted. They keep their word, but only to the letter, not to the spirit. They are loyal to their fellows, and English "fellow" is borrowed from Old Norse félagi, but they may decide you aren't a fellow at all. When the dwarves have escaped from the goblins in the Misty Mountains, without Bilbo, and are debating what to do, one of them says, "If we have got to go back into those abominable tunnels to look for him, then drat him, I say." Vengeful, tight-fisted, literal-minded, sometimes loyal and sometimes not - they are characters from Icelandic saga, and as the story goes on this element becomes more and more prominent. The whole story, I would suggest, really develops a contrast between two modes of heroic behaviour: the ancient one of Icelandic saga, exemplified by the dwarves, and by Beorn, and by Smaug, and the modern one of Tolkien's own life, of twentieth-century warfare, exemplified by Bilbo, and to some extent by Bard. The contrast between these provides much of the story's amusement: but the final point is that - just like modern English and Old Norse, or modern English and modern Icelandic - to the philologist they are different only superficially. See for instance the final words of Balin the dwarf to Bilbo, and Bilbo's reply, in chapter 18 of The Hobbit, which I take the liberty here of giving in Icelandic:

"Vertu sæll og gæfan fylgi þér, hvert sem þú ferð," stundi Balinn loksins upp. "Ef þú einhvern tímann gætir heimsótt okkur aftur þegar salir standa fagrir enn á ný í allri sinni dýrð, skyldum við halda veizlu sem tæki öllum fram."

"Ef þið ættuð nokkurn tímann leið framhjá mÍnum húsum," sagði Bilbó, "skuluð þið ekki hika við að berja að durum! Tetíminn er eins og venjulega klukkan fjögur, en auðvitað eruð þið velkomnir á hvaða tíma dags sem er." [6]

The way they talk is very different. But what they are saying is the same thing.


*


What I have been saying is that Tolkien's response to Old Norse literature was philological in exactly the sense that he thought proper to that word. It was founded on a very acute sense of linguistic correspondences, which we must credit originally to Jacob Grimm. These correspondences, these details of comparative philology, were real and immediate to Tolkien. They made him insist on the pronunciation "Henjest" for Hengest. They made him insist that the plural of "dwarf" was "dwarves," not "dwarfs" - so much so that he made the printers change every single example in The Hobbit, hundreds of them, back to what he had written. He saw philology in every detail of daily life, including the surnames of modern people, like Neave and Woodhouse, or the names of modern places, like Hincksey - Hengestes ieg - or Brill, the model for the hobbits' Bree.

But to Tolkien philology was not just about linguistic correspondences, it was also about the criticism of literary works, which in his opinion could not and should not be separated from the language in which those works were written. That was why he disliked literary critics so much: because they characteristically ignored language when they talked about literature. But thought and word went together. There were some thoughts, Tolkien pointed out, again in his Letters, which could not be said in modern words without sounding false. Replying to an accusation of pointless archaism, he wrote:


"take an example from the chapter that you specially singled out (and called terrible)...'Nay, Gandalf,' said the King, 'You do not know your own skill in healing. It shall not be so. I myself will go to war, to fall in the front of the battle, if it must be. Thus shall I sleep better.'

This is a fair sample - moderate or watered archaism... I know well enough what a modern would say. "not at all, my dear G. You don';t know your own skill as a doctor. Things aren't going to be like that. I shall go to the war in person, even if I have to be one of the first casualties' - and then what? Theoden would certainly think, and probably say 'thus shall I sleep better'! But people who think like that just do not talk a modern idiom. You can have 'I shall lie easier in my grave', or 'I should sleep sounder in my grave like that rather than if I stayed at home' - if you like. But there would be an insincerity of thought, a disunion of word and meaning. For a King who spoke in a modern style would not really think in such terms at all, and any reference to sleeping quietly in the grave would be a deliberate archaism of expression on his part (however worded) far more bogus than the actual 'archaic' English that I have used." [7]

In other words, if you wanted to express ideas from a heroic world, you must find a way of saying them which was modern enough to be understood, but old-fashioned enough to sound true. I would say that this was the problem of The Lord of the Rings: in that work Tolkien wanted to express a heroic ethic, set in a pre-Christian world, which he derived from Old English epic and Old Norse edda and saga. But he also wanted to make it sayable in a contemporary idiom, understandable to contemporary readers, and not in contradiction of Christian belief.


Let me take first the lesser issue of linguistic correspondences in The Lord of the Rings. We know now that Tolkien had great difficulty in getting his story going. In my opinion, he did not break through until, on February 9th 1942, he settled the issue of languages. Think about the dwarves, with their Old Norse names. Clearly it was not possible for the dwarves really to have had Old Norse names, they lived long long ago, long before Old Norse was a language. So the names Tolkien had given them, in work written in modern English, must be there just to show that the dwarves, for convenience, spoke a language which related to the hobbits' language in the same sort of way as Old Norse to modern English, or modern Icelandic to modern English - these things do happen in reality. But if that was the case, then it was possible to imagine, in Middle-earth, a place where people were still speaking Old English, or even Gothic, a place where the poem Beowulf was still alive. Once Tolkien allowed himself to think this - and we can see him doing so on p. 424 of The Treason of Isengard - then he could immediately, and with great ease, imagine the society of the Riders of Rohan, or the Riddermark, contrast them with the post-Imperial society of Gondor, and allow his story suddenly to expand in entirely new and to Tolkien quite unexpected directions. The linguistic correspondences freed Tolkien's imagination. They made the book three times as long as it was supposed to be. That's the first half of philology.

For the second half one has to remember the facts of Tolkien's life. An orphan from the age of 12, he graduated from Oxford University in 1915, and immediately joined the army like everyone else he knew. He fought as an infantry officer in the Battle of the Somme, in which his two closest friends were killed. The Battle of the Somme has become, in popular British history, a byword for disaster and futility. But I do not think Tolkien saw it like that. For one thing, his battalion, the 13th Lancashire Fusiliers, was an unusually successful one, congratulated (I believe) by Field Marshal Haig in person for a successful attack in the later stages of the Battle of the Somme.[8] For another, he remembered an important fact that people forget nowadays, which was that the battle and the war were both won, when they could easily have been lost. Nevertheless, by the time Tolkien became an Oxford Professor in 1925, popular opinion had changed drastically. These were the years of the ascendancy of modernism; of T.S. Eliot and "The Waste Land"; of Evelyn Waugh and his satirical novels; of E.M. Forster, Virginia Woolf and the Bloomsbury Group. The connecting factor was disillusionment and irony, especially against anything associated with military virtues. Heroes were out of fashion. It was impossible to take epic, or saga, seriously in the mdoern world.

Or at least in the modern literary world. Because the military virtues, it turned out, were just as vital as they had ever been. The Oxford Union, we remember, voted in 1936 in favour of the motion, "This House will under no circumstances fight for King and country." But it turned out they didn't mean it. In 1939 the British Government appealed for volunteers to fight the Nazis and got 250,000 men on the first day, and a million in the first week. Even Evelyn Waugh joined the army, to fight in the Battle of Crete. It was under these circumstances that Tolkien began to write his heroic, and pre-Christian, romance: reviving ancient literary modes, which it turned out were vitally contemporary once again.


I will point only to one fact which connects The Lord of the Rings to Old Norse heroic and mythical literature. It is deeply sad, almost without hope. The story is not a quest, about finding something, it is an anti-quest, about throwing it away. The price of throwing it away is extinction. The elves will disappear. So will the ents, and the hobbits. Frodo, the hero, is incurably wounded. He is taken away across the sea, but only to die. The dominating word of the last page of the story is "grey," as the other characters ride back unspeaking on "the long grey road" from the "grey firth," and the "grey sea," and the "grey rain-curtains," and the Grey Havens. Something has gone out of the world, and it will not come back. And that is how things have always been. Much earlier in the story Elrond the Half-elf looks back over his life and says "I have seen many defeats, and many fruitless victories." Galadriel says of herself, "through ages of the world we have fought the long defeat." There is a victory in The Lord of the Rings, but it is made as clear as ever it could be that this is local, and temporary, and dear-bought. The characters have only a dim idea - an inkling, one might say, but then Tolkien's literary group was called the Inklings - of any final victory over evil. And this is because they are pre-Christians.

Tolkien in a way is re-imagining characters like those so common in Icelandic saga, who are pre-Christians, but only because they know nothing else - men and women like Njáll, or Víga-Glúmr, or Guðrun, who are not Christians, but not exactly heathens either, and who will accept a better hope if someone will offer it to them. Such people, Tolkien believed, kept going because of the "theory of courage," which meant that you kept on even if you knew you were just fighting a "long defeat," with no ultimate hope at all. Gandalf in fact repeatedly makes statements about the "theory of courage." He does not expect to win, he knows there is a risk even for Frodo of becoming a wraith. "Still," he said, standing suddenly up and sticking out his chin, while his beard went stiff and straight like bristling wire, "we must keep up our courage."


But this was also, for Tolkien, the state of mind of many of his countrymen in the 1940s. Christianity was no longer the universally-accepted belief it had been. Evil seemd to be unconquerable, to rise again from every defeat. There was a strong impulse to give up, to make terms, to do the kind of deal with Sauron, or with Saruman, which is suggested several times in The Lord of the Rings. But they must not do it. They must learn to go on without assurance of victory, without trust in God, if necessary to go on fighting a long defeat. If the spirit of the godless Viking could be revived in modern times, as it had been in the Nazi ideology of heathenism and Oðinn-worship, then the spirit of the virtuous pagan could also be revived: another aspect of saga-tradition, men like Njáll or Gunnarr, wise, brave, doing the best they could under difficult circumstances, going down in the end to defeat, but not allowing this to change their hearts.

And I believe that is why Tolkien has remained so strangely popular. I would put it this way. The standard accusation made by my critical colleagues about Tolkien is that his work is "escapist." I think this is the exact reverse of the truth. Like Orwell's 1984, or Golding's Lord of the Flies, or Laxness's Gerpla, Tolkien's fantastic or antiquarian works confront the major problems of the twentieth century, which have been war, despair, failure, disillusionment. And they provide answers which seem strangely old-fashioned, but which have come alive again. They are serious answers to serious questions, which in my opinion it is escapist to ignore. But the works also owe much of their charm to the mixture of gravity and amusement, and the extreme stylistic indecorum, which the world first learned to appreciate from the literature of Iceland. It has been well said that the true hero of Tolkien's work is Middle-earth itself. In it he recreated his version of the lost world of pre-Christian English myth; but he could do this only by working from the much more impressive and fortunately-preserved world of Icelandic tradition.


Saint Louis University, Tom Shippey.


NOTES

[1] See The Letters of J.R.R. Tolkien, ed. Humphrey Carpenter with the assistance of Christopher Tolkien (London: George Allen & Unwin, 1981), 180 (14th January 1956).
[2] Letters, 131, late 1951.
[3] See Tolkien, The Book of Lost Tales Part 2, ed. Christopher Tolkien (London: Allen & Unwin, 1984), 290.
[4] Tolkien, The Monsters and the Critics and other essays, ed. Christopher Tolkien (London: HarperCollins, 1987), 25-6.
[5] See Snorra Edda, ed. Árni Björnsson (Reyjavik: Iðunn, 1975), 29-30.
[6] The Icelandic translation is by Þorsteinn Thorarensen, Hobbitinn (Reykjavik: Fjölvaútgáfan, 2001).
[7] Letters 171, September 1955.
[8] Confirmation of this must wait on the publication of John Garth's full study, Tolkien and the Great War, forthcoming from HarperCollins.



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As "asas" dos Balrogs e suas origens



Chernabog, conceptual art de Kay Nielsen.

De onde, "diabos", vieram as "asas", a sombra e o fogo do Balrog em Moria? É sabido que nos escritos do Legendarium Tolkieniano esses atributos não existiam até a redação do Senhor dos Anéis no fim dos anos 30 e 40. O que terá mudado a visão de Tolkien? A resposta, enfim, parece ter dado as caras, ou os "chifres", nos últimos anos. Apertem os cintos e sentem que lá vem história...


Fogo de fornalha em olhos amarelos visíveis à distância...confere

Aproveitando posts meus feitos no fórum da Valinor.

Uma das coisas que mais parece intrigar o fã médio de Tolkien é a evolução das fascinantes criaturas "balroguianas" que Tolkien criou. Fonte de acirrado dissenso e debate enfre os fãs e especialistas que estudam a obra parece que, finalmente, com a difusão da mídia audivisual , DVDs, youtube,Internet as fontes para a notável evolução sofrida pela espécie durante a criação do Senhor dos Anéis estão finalmente vindo à tona.





Fogo e Escuridão... confere





"Asas" que se estendem de ponta à ponta... confere



Parafraseando Christopher Tolkien quando confrontado com a pergunta que não quer calar, particularmente, ( "I myself"), suspeito que Conrad Dunkerson , autor do ensaio mais detalhado e imparcial sobre essa matéria está na pista certa e que a revisão retroativa do conceito dos Balrogs e o acréscimo do cloak of darkness e as "asas" a partir da redação do Senhor dos Anéis reflete um possível contato com
Fantasia, o desenho da Disney, mais particularmente com o segmento conhecido como Noite no Monte Calvo.

E isso apesar do que diz essa carta ( ela, certamente, confirma que Tolkien reconhecia a força de algumas passagens e o talento dos animadores)

I recognize his talent, but it has always seemed to me hopelessly corrupted. Though in most of the 'pictures' proceeding from his studios there are admirable or charming passages, the effect of all lf them to me is disgusting. Some have given me nausea (...).


Uma passagem seguinte da mesma carta deixa entrever, todavia , que ele estava tomando as dores de alguém

He also accused Disney of being in his business practices "simply a cheat: willing and even eager to defraud the less experienced by trickery sufficently 'legal' to keep him out of jail"; he adds that his own affairs are in the hands of Allen & Unwin ("a firm with the highest repute")


Esse alguém deve ter sido T. H.White, o autor de a Espada era a Lei. Nunca ouvi falar de que ele e Tolkien tenham tido algum contato mas o contexto e a data dos comentários parece sugerir algo assim.

Ou talvez, o próprio artista Kay Nielsen, que havia migrado da Europa pros EUA, tendo sido demitido depois do fracasso comercial de Fantasia devido ao fato de ser lento demais para as necessidades do estúdio.

Há quem avente a hipótese de que a vítima das falcatruas da Disney aludida por Tolkien nessa passagem em particular tenha sido Doroth L. Sayers, a criadora de Mary Poppins que teve a obra desfigurada e cooptada pela Disney.

In 1939, Disney acquired the rights to White's bestselling book The Sword in the Stone, but would not produce his Sword in the Stone animated feature until over two decades later. This time frame loosely parallels Tolkien's own Middle Earth publishing history; The Hobbit was first published in 1937 and The Lord of the Rings followed two decades later. Tolkien's initial contacts with movie producers in the late 1950s were not far removed from Disney's production schedule on The Sword in the Stone.


Lembrando que em outra carta não publicada Tolkien também fala em relação ao SdA

Discussing sources for the work, the author states ``I did no study or research for my tale. It is an ``invention'' from beginning to end... If it is ``English'' - (not British,that is because I am English...'' However, Tolkien notes his ``professional calling as a philologist'' and that his study of ``early English'' has been ``digested''. Noting that analysis would be ``very complex'' he also suggests it would be ``...not (in my opinion) worth while...'' Tolkien states his belief that ``no one of us can really invent or ``create'' in a void, we can only reconstruct and perhaps impress a personal pattern on ``ancestral'' material...''
)


Tá bom, tá bom, nós todos "sabemos" como ele nunca fez estudo ou pesquisa pro SdA.... Na verdade, na década de 30, segundo o seu biógrafo oficial o Humphrey Carpenter no livro dos Inklings, ele, C.S.Lewis e o irmão dele liam o libreto em alemão de A Valquíria ( que "recreativo" hein?), a segunda opéra do ciclo do Anel do Nibelungo de Wagner para fazer um "estudo"(vide`` ensaio de Leslie Donovan sobre a influência da valquíria no Senhor dos Anéis e o próprio poema, Sigurd e Gudrun, que acabou de ser publicado pelo Christopher, inclui o conteúdo das palestras que Tolkien deu sobre a matéria envolvendo as fontes de Wagner e o dilema da "lacuna" do Edda Poético ".

Toda a pesquisa feita tanto para as palestras quanto para a composição do poema foi utilizada no Senhor dos Anéis, inclusive Hreidmar, o feiticeiro do poema, já era,literalmente um tipo de Senhor dos Anéis(no plural) e chamado, também, de "demônio" nas notas de Tolkien, coisa que não acontecia nas fontes de JRRT e Wagner embora já houvesse um Senhor do Anel que podia ser Andvari ou Alberich.


Elsewhere, eerie foreshadowings of Tolkien's later work appear: the traitorous "Vingi the venom-tongued"; the brothers Otr and Andvari, who fish and "there ate blinking/on the bank brooding/of black waters"; their demon father, Hreidmar, who cries, "The wreathéd rings/I will rule alone,/as long as life is/they leave me never!"






Quanto se vale a pena pesquisar suas prováveis fontes de inspiração, talvez esse exemplo possa ajudar a explicar porque é algo que vale a pena sim.

E ele também diz:
Concluding, Tolkien notes that ``...if I may say so, with humility, the Christian religion (which I profess) is far the most powerful ultimate source.


Very apropos indeed!!



Sombra, fogo, montanha mal-assombrada, vulto demoníaco "cloaked in darkness" "se elevando e estendendo asas" de ponta à ponta, regendo uma horda de goblins e seres diabólicos... Tá tudo ali. O nome do demônio, Chernabog, significa "Deus Negro", que, tb, foi um epíteto dado a Melkor no Legendarium da Terra Média.




Chernabog de Fantasia, character design de Kay Nielsen, artista dinamarquês reconhecido como influência de Tolkien e contratado pela Disney para trabalhar no longa.


O desenho foi exibido na Inglaterra em 1941 ( estréia no Reino Unido em 21 de Junho de 1941,no meio da Segunda Guerra quando o filho de Tolkien lutava na África), e durante o processo de redação do Senhor dos Anéis (1938-1949). Esse segmento do longa metragem era seguido por outro que era o Virgem Maria de Schubert.Lembremos que Tolkien era um grande devoto da Virgem e, então, podemos tentar imaginar como ele se sentiria assistindo o desenho naquela situação específica.




Interessante ressaltar que no Fellowship of the Ring o demônio , o balrog de Moria, aparece logo antes do encontro com Galadriel, que é um análogo da Virgem Maria ( evoca características de Maria sem ser uma alegoria da mesma),

142 Para Robert Murray, SJ.
[O Padre Robert Murray, neto de Sir James Murray (o fundador do Oxford English Dictionary) e um amigo íntimo da família Tolkien, lera parte de O Senhor dos Anéis em provas de granel e em texto datilografado e, por sugestão de Tolkien, enviara comentários e críticas. Ele escreveu que o livro lhe deixara com uma forte sensação de “uma compatibilidade positiva com a ordem da Graça”, e comparou a imagem de Galadriel à da Virgem Maria. Ele duvidava que muitos críticos fossem capazes de dar muito pelo livro — “não terão um escaninho devidamente rotulado para ele”.]

(...)

Acredito que sei exatamente o que você quer dizer com ordem da Graça; e, é claro, com suas referências à Nossa Senhora, sobre a qual toda a minha própria pequena percepção da beleza, tanto em majestade como em simplicidade, é fundamentada. O Senhor dos Anéis obviamente é uma obra fundamentalmente religiosa e católica; inconscientemente no início, mas conscientemente na revisão.

E nessas outras tb:


213 De uma carta para Deborah Webster

(...) Ou mais importante, sou um cristão (o que pode ser deduzido a partir de minhas histórias), e de fato um católico romano. O último “fato” talvez não possa ser deduzido, embora um crítico (por carta) tenha afirmado que as invocações de Elbereth e o caráter de Galadriel tal como diretamente descrito (ou através das palavras de Gimli e Sam) estavam claramente relacionadas à devoção católica à Maria. Outro viu no pão-de-viagem (lembas) = viático e na referência à sua alimentação da vontade (vol. III, p. 213) e por ser mais potente quando em jejum uma derivação da Eucaristia. (Isto é: coisas muito maiores podem colorir a mente ao lidar com as coisas menores de um conto de fadas.)







320 De uma carta para a Sra. Ruth Austin
25 de janeiro de 1971
Fiquei particularmente interessado em suas observações sobre Galadriel..... Creio que seja verdade que devo muito desta personagem ao ensinamento e imaginação cristãos e católicos sobre Maria, mas na verdade Galadriel era uma penitente: em sua juventude uma líder na rebelião contra os Valar (os guardiões angelicais). Ao final da Primeira Era, ela orgulhosamente recusou o perdão ou a permissão para retornar. Ela foi perdoada por causa de sua resistência à tentação final e esmagadora de tomar o Anel para si


Essa alternância entre Luz e Escuridão adotada pelos animadores da Disney nesses segmentos contém um dos principais elementos na dinâmica interna dos livros de Tolkien, particularmente, nas narrativas longas, como é o caso do Senhor dos Anéis. Então, muito embora Tolkien tivesse uma famosa aversão pelo efeito de "disneyficação" das animações do estúdio podemos teorizar que ele era mais brando ao apreciar partes como essas que são repletas de dark imagery e cenas dantescas que fogem do parâmetro normal "sanitizado" associado às produções Disney. Não por acaso, o desenho tb foi o primeiro fracasso de bilheteria do estúdio.

É muito interessante o fato de que Tolkien em um rascunho da passagem em Moria dá destaque para o "fogo de fornalha dos seus olhos amarelos que podia ser visto à distância"

"A figure strode to the fissure, no more than man-high yet terror seemed to go before it. They could see the furnace-fire of its yellow eyes from afar

Lembra algúem?



Noite no Monte Calvo Ave Maria em Fantasia

Interessante reparar que Tolkien foi definir Gandalf em uma carta como sendo justamente um "angelos".


The horror of the demons, ghosts, skeletons, witches, harpies, and other evil creatures in Night on Bald Mountain comes to an abrupt end with the sound of the Angelus bell , which send Chernabog and his followers back into hiding, and the multiplane camera tracks away from Bald Mountain to reveal a line of faithful robed monks with lighted torches. The camera slowly follows them as they walk through the forest and ruins of a cathedral to the sounds of the Ave Maria.


Uma pequena curiosidade:

The Lord of the Rings: The Two Towers (2002)
- Scene of the procession of elves moving over the bridge in Rivendell resembles "Ave Maria" sequence with the pilgrims moving in the exact manner over a similar bridge with similar torches



181 Para Michael Straight [rascunhos](...)

Não há “personificação” do Criador em lugar algum nesta história ou na mitologia. Gandalf é uma pessoa “criada”, embora possivelmente um espírito que existia antes no mundo físico. Sua função como um “mago” é a de um angelos ou mensageiro dos Valar ou Governantes: para auxiliar as criaturas racionais da Terra-média a resistirem a Sauron, um poder grande demais para elas sem auxílio.



A escolha da forma latina do termo "mensageiro" , nesse caso, pode não ter sido coincidência dado o contexto e os paralelos presentes entre esses trechos do filme e do livro. Food for thought.

Mas como foi que essa polêmica medonha nasceu? História complicada, lembrando muito a parábola das pessoas que discutem sobre a cor de um muro estando cada qual de um lado dele pintado de cor diferente...

Bear with me.

Antes vou contar uma história: há dezenove anos atrás quando eu lia a passagem pensei: ah, bom, "a sombra que o envolvia parecia "duas imensas asas". Aí quando veio a passagem seguinte, "suas asas se estenderam de parede a parede" eu pensei: "fudeu"!! "Agora não dá mais pra saber. Ele fez de propósito, tenho certeza que fez"! Uma observação que bate exatamente com comentários recentes feitos sobre o estilo de Tolkien pelo estudioso que fez A História do Hobbit, John D.Rateliff

I would argue that the style in which he chose to write, which he painstakingly developed over several decades until it
reached its peak in The Hobbit and Farmer Giles of Ham and The Lord of the
Rings and some of the late Silmarillion material, is deliberately crafted
to spark reader participation. ( nota :daí o efeito proposital de usar linguagem ambígua gerando interpretações muito divergentes)

(...)
In addition, I think another element is at work here, one not planned
by Tolkien but nonetheless present throughout The Lord of the Rings: he
often describes a scene not as you would experience it but as you would
remember it afterwards.
That is, his prose assumes the tone of things
which have already happened, as they are stored in our memory. Thus
the “walking bits,” which have so annoyed impatient readers who are
only reading for the plot, do not in fact detail every day of Frodo’s year-
long journey but instead are rendered down to a relatively few vivid images, such as would linger in the memory long after the event.







De qualquer modo pensei: eu não acho que Tolkien faria os Balrogs voarem , iria ser muito roubação mas que eles ficam MUITO MELHOR com as asas lá isso ficam. E, pessoalmente, SEMPRE os desenhei com asas.

Mas por que que eu tive essa minha reação de achar que Tolkien tinha, deliberadamente, melado qualquer possibilidade da gente saber com certeza só lendo a descrição do livro? Levei anos pra topar com alguém que colocasse em palavras aquilo que a gente "sabe"de maneira intuitiva mas tem dificuldade de explicar de modo inteligível e "gramatical". E não tenho vergonha nenhuma de admitir isso porque MUITA GENTE tem essa dificuldade até mesmo em inglês.

Explicação detalhada e, tanto quanto possível, imparcial nesse ensaio

A coisa toda nasce de duas descrições incluidas na passagem por Moria. " a sombra que o envolvia se estendeu como duas imensas asas" e , em seguida, "suas asas se estenderam de parede a parede. Alguns afirmam, como o Christopher Tolkien, que o problema é que essas "asas" mencionadas no segundo trecho podem ser interpretadas como se não estivessem ligadas à primeira menção.Mas, num exame mais acurado vemos que o problema não é bem esse.

O dilema com as duas passagens em Moria não é o fato delas poderem ou não ser interpretadas em conjunto. Elas têm que ser interpretadas juntas porque o "suas asas se estenderam de parede a parede" precisa, pelo contexto, estar ligado às "asas" mencionadas antes, independente de qual for a sua natureza. Se fosse, simplesmente, "asas se estenderam de parede à parede seria diferente" mas o "suas" especifica que está havendo referência às mesmas asas citadas antes.

A questão é que, como o Conrad Dunkerson explicou, a interpretação que coloca a segunda passagem sendo metafórica depende da primeira ser interpretada como símile ( o"como duas imensas asas") e essa é só uma de duas possibilidades distintas já que pode indicar, também, evolução de distinção de incerteza pra claridade, uma possibilidade que o próprio CT parece não ter compreendido muito bem a princípio.

Similar ao poço em Moria no mesmo capítulo, que era " like a well", "como um poço", e,depois, foi confirmado pelo Gimli como sendo precisamente isso mesmo. Também como a sombra da Gwaihir salvando Gandalf no sonho na casa de Bombadil onde ela era "como a sombra de grandes asas" . Foi só depois do Conselho de Elrond , vários capítulos depois, que ficou realmente claro que era mesmo uma águia, um animal alado, que projetou a sombra.

Nós, em português , também usamos a expressão "como" em contextos assim pra descrever algo que parece difícil de definir à primeira vista. A evolução de como duas imensas asas´ pra "suas asas se estenderam de parede à parede" , nessa interpretação, revelaria uma percepção mais acurada do que antes era difícil de discernir na figura do Balrog, quando ele se aproximou, a escuridão que o cercava teria deixado entrever as asas "reais" que antes se confundiam com o cloak of darkness do Balrog. Então é mesmo o caso de haver duas interpretações diferentes para a mesma passagem e não há como saber qual das duas é a correta.

Conrad Dunkerson aventa a hipótese de que Tolkien usou a linguagem de forma ambígua e optou por usar verbos ambivalentes como o "flying from Thangorodrim" "fugindo" de Thangorodrim) e expressões dúbias como "winged speed" ( velocidade "alada")porque, nos escritos mais tardios, ele queria que os Balrogs tivessem asas e, talvez, até voassem, mas se deparou com a necessidade de rever toda a cronologia pra introduzir a nova idéia preferindo ficar no meio do caminho enquanto não revisasse completamente a mitologia do Silmarillion.

Nesse sentido, a possibilidade de se determinar se o Fantasia foi a inspiração pro Tolkien pode ajudar a dirimir a dúvida. Para mim, pessoalmente , fica claro que Tolkien tinha intenção de que o Balrog fosse detentor de asas de algum tipo porque, acho que a maioria concorda, ele fica MUITO mais amedrontador com a posse delas. Pergunte pra qualquer bandido em Gotham City porque é que o Batman mete tanto medo nos bandidos além da voz de locutor com faringite dele e responderão que tem a ver com a capa do Morcegão...

E outra coisa: olhem só pra essa pintura linda do Tedy Nasmith, o balrog parece tão...tão peladinho coitado... Exposto pro aço da Glamdring desse jeito. Devemos lembrar que, mesmo que as asas, se não fossem só de sombra , não servissem mais pra vôo, seja lá por que razão , que elas ainda são como membros extras, podem servir de escudo e arma de ataque e/ou intimidação, então por tudo que é motivo , estético, literário, lógico, balrog bom mesmo é balrog com asa... mesmo que não voe e essa parece que era mesmo a intenção de Tolkien. IMO. Não reclamem comigo, culpem o Chernabog. Até o Tolkien tem a desculpa: "o demônio me levou a fazer aquilo" e ele não estará mentindo...



Poderiam me perguntar:

-"Mas vem cá , por que é que os Balrogs ou mesmo o Balrog de Moria sozinho teria Asas daquele tamanho e não as teria feito com condição de voar? Já que o corpo fána deles é "self-arrayed", auto-envergado, não é meio estranho não"? Pergunta bem justa.

E aqui vai a resposta:

Justamente por causa disso É perfeitamente possível que houvesse Balrogs COM e SEM asas.E é perfeitamente possível que um balrog que não tivesse asas antes pudesse ter passado a ter depois. Também é possível que todos tivessem mas eles houvessem perdido a capacidade de voar por efeito colateral do processo descrito na nota 5 do Osanwë Kenta ( onde o fána virava hröa ,gerando corpo mais material e "sólido", e , por isso , mais pesado,(vide a diferença de peso que Gwaihir citou entre Gandalf , o Branco e o Cinzento) e/ou por dano sofrido nessa forma depois que ela se tornou "hábito costumeiro" ficando mais vulnerável.

Assim também foi com alguns de seus maiores servos, como vemos nestes dias atuais: eles se tornaram unidos às formas de seus atos malignos, e se estes corpos eram tomados deles ou destruídos, eles eram anulados, até que tivessem reconstruído uma imagem de suas habitações anteriores, com a qual eles podiam continuar os cursos malignos nos quais eles haviam se fixado”. (Pengolodh aqui se refere evidentemente a Sauron, em particular, com cuja elevação partiu, por fim, da Terra-média. Mas a primeira destruição da forma corpórea de Sauron foi registrada nas histórias dos Dias Antigos, na Balada de Leithian.)


Ou seja, o Balrog poderia ter perdido a capacidade de voar mas poderia não ter mais como se livrar das asas porque elas já eram parte do corpo definitivo.Talvez isso tenha acontecido com todos eles no período do Cerco de Angband. Ou , talvez, durante as 3 eras do Cativeiro de Melkor.

Por causa disso Sauron, inclusive, não teve que se contentar em recriar seu fána na Terceira Era SEM o dedo que foi cortado por Isildur junto com o Anel? Aí Tolkien demonstra que certas lesões sofridas no fána que virou "morada habitual" não podem ser reparadas nem com a criação de um fána inteiramente novo.Ele pode ter que "herdar" o ferimento ou mutilação recebida previamente, como se o próprio espírito ficasse traumatizado com o aleijão, mais ou menos como a "dor fantasma" de membros amputados que, nos maiar, parece virar um membro ou apêndice permanentemente lesado ou amputado. Phantom limb

O Tolkien nunca disse, explicitamente, que isso aconteceu com Sauron, mas a evidência da cronologia sugere que sim, uma vez que a perda do dedo foi na forma material anterior destruída no fim da Segunda Era, mas o dígito faltoso ainda estava presente ( ou ausente? vêem como o uso da linguagem é ambíguo?) no corpo de Sauron que Gollum viu quando foi preso na Torre Negra no fim da Terceira Era. Também creio que seria meio tentador para o Tolkien transfomar os Balrogs em autênticos anjos caídos, fazendo com que sua perda de capacidade de vôo , ao não serem mais capazes de "editar" a forma tornada definitiva e compensar a aquisição de peso com outro design ou tamanho para as asas, fosse um estigma de sua condição decaída. Seria o tipo de ironia que Tolkien gostava de ver. Deficiência física refletindo deterioração espiritual, seres alados, "anjos caídos", impossibilitados de voar... Tem uma certa poesia aí.

No meio de tantas possibilidades essa disputa entre Pró-Asas x Anti-asas radicais vira puerilidade e "dogmatismo sem sentido", uma coisa contra a qual Tolkien tanto lutou na sua obra, tanto como filólogo e teórico das Letras quanto como escritor de literatura e ficção. Já passou da hora de enterrar de vez essa cizania por causa de uma "diabrura" linguística deliberada de JRRT. Espero que esse texto seja um bom ponto de partida pra isso.

E eu adoro o efeito de ver o Balrog com asas caindo engalfinhado com o Gandalf. "Vai uma asinha aí"?

Tolkien: "desnecessário dizer que não são celtas"



Balor do Olho Diabólico,Balor na Suile Nimhe em gaélico






E falando em copiar...





Tolkien uma vez disse:





Desnecessário dizer que eles [= os nomes] não são celtas! Nem o são os contos. Conheço coisas célticas (muitas delas em seus idiomas originais, irlandês e galês), e sinto por elas uma certa aversão: em grande parte por sua irracionalidade fundamental.Elas têm cores vivas, mas são como uma janela de vitrais quebrada cujos pedaços são reunidos mais uma vez sem forma. Elas de fato são "loucas" como seu leitor disse (...) .



Todo mundo conhece aquele ditado "quem desdenha quer comprar" né? É exatamente o caso aqui como a Verlyn Flieger e a Dimitra Fimi também pensam. Mas vamos fazer a coisa "celta" e conferir quanto dessa afirmação do Tolkien a respeito dos nomes do Silmarillion é verdadeira, só nos atendo à nomenclatura em si, para ser justos. Dêem só uma olhada na "listazinha" de nomes célticos mitológicos ( maioria) ou linguísticos que foram aproveitados por Tolkien junto com suas respectivas histórias conteúdos e significados em um grau ou outro.






Alguns pegos ipsis literis ou sutilmente modificados da língua ou da mitologia celta pra dar uma disfarçada na influência.Varios dos nomes foram apropriações fonéticas dos originais celtas diretas em forma e significado ( Nazg e Nasc) ou traduções do seu sentido original para a língua de Tolkien ( Airgetlam apelido de Nuada virando Celebrimbor por exemplo).




Melian, Meriadoc, halfling, hobbit, Finwë, Pelennor, Otherworld (referindo-se às Terras Imortais no poema de Eärendil no SdA)Avalónnë, Utumno, Beleriand/Broceliand, Bridhil (nome de Varda, que significa a exaltada,Aerin,Brithombar/Brithon, Danas, Araw, Tilion (traduzido como Horned One),Carn Dûn, Rhun, Amras,Morwen, Lamedon, Arwen, Iarwain, Nessa, Cerin, Macha, Mahtan,Elladan, Nam, Badhron, Gwendeling,Erech, Elfrith, Ar Feiniel (Dama Branca), Caradhras,Morwen Eledhwen,Olwë, Falmari,Enyd, Minas, Eriador, Púkel, Gil-Galad, Neithan, Cerca de Melian,Taur no Fuin e Mar nu Falmar, Sarn, Parth, Nazgûl (caso "inconsciente" admitido pelo Tolkien),Periannath,Red Eye,Edain, Govannen, Ered Luin, Laer, Doriath, Tirion,Teleri,Lórien, Annûn,Bard, Balin,Druédain, Gwindor, Leprawn, Balar,Tavros,Turin, Celebrimbor,Khamûl, Aiwendil,Dúnadan, Calenardhon, Rohan,Belegaer,Scatha, Taras, Ioreth, Garthurion,Faelivrin, Lothlann, Daeron, Red Book of Westmarch e , talvez, Tom ( o prenome do Tom Bombadil).

E isso é só pra ficar nos casos mais evidentes
Olhe só os originais celtas ( galeses, gaélicos, gauleses e bretões)

Melian, Meriadoc, halfling-hauflin, hobbit/habit, Finn, Pelinóre, Otherworld (referindo-se a várias terras paradisíacas algumas delas no Ocidente distante)Avalon, Antumnos(Anwnn ou Domnu), Brocéliande/Belerion, Brighid ( nome da deusa Brigite significando a Exaltada, Aeryn,Britons, Dana, Arawn, The Horned One,Carn Dûm (Fortaleza de rocha em céltico gaélico), Rhun, Anras, Morwen, Olwen, Awen-Arwenna-Arwyn,Loumedon e
Lovedon,Iar e Arwain, Iarvanel, Nessa, Cerin, Macha, Matan Muiremar,Ealadan, Nam, bodhrán, Gwendolyn, Erec, Alfrith, Guinever(The White Fay or White Ghost),Morgana Le Fay,Carados, Fomoire,Enid, Dinas, Erin, Púca, Galahad, Nechtan, Cerca de Merlin, Aurvegne/Averoigne, Tir fo Thuinn ( tem o mesmo significado de Mar Nu Falmar e a fonética lembra Taur Nu Fuin), Sarn, Parth, Nasc (Anel em Gaélico),Peniarth, Lake of the Red Eye(Lough Derg) and Evil Eye, Edain , Govannon, Spear Luin, Laeg, Dorath, tirion, Teleri, Lorie, Anwnn ( lê-se Annûn também),bard, Balin,Druidan,Gwion Bach, Leprechaun,Balor,Tarvos,Tuireann Celebrimbor é Mão de Prata, tradução do celta Airgetlamm, Camulus, Awenyddion,Dùn Éideann e/ou Dinadan, Caledonia, Rohan, Belatucadros, Tara,Scathach, Iorweth, Arturiano, Faylinn, Lochlann, Daron, Red Book of Hergest e Tonn.


Mas, por que é que isso acontecia? Como e por quê Tolkien poderia ter interesse em disfarçar uma fonte tão proeminente para seu trabalho e, ainda assim, acabar deixando uma evidência palpável, como uma " mensagem numa garrafa" em código em uma lista de mais de oitenta nomes onde a inspiração é fonética e mitológica para mais de noventa por cento dos casos?

Para começo de conversa, precisamos lembrar que todos os estudiosos mais bem informados sobre as idiossincrasias do caráter de Tolkien destacavam o que , inclusive, levou ao interessante neologismo "contrasistência" (contradição + consistência), Tolkien era, como foi descrito por Clyde Kilby, "consistentemente contraditório" e um "homem de antíteses" como disse o seu biógrafo, Humphrey Carpenter.







E,se era assim, se as contradições eram tão evidentes , como é que os estudiosos tolkienianos que estão em atividade desde os anos sessenta não se deram conta disso há mais tempo? Uma pergunta muito boa e a resposta é:"bairrismo cultural", poder econômico e rivalidades nacionalistas com fundo político e religioso . Para usar a própria expressão cunhada por T.A.Shippey, a mesma "filologia da inveja" que foi a força motriz pra Tolkien escrever seus mitos.

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Agreed. I think some of Tolkien's work was escapist, a kind of formulation of a grand mythic past which England, unlike say Greece of Rome, never had. Unfortunately he just didn't accept his Celtic
Heritage. Irish people have always had a grand mythic past, the Táin and
Cú Chulainn and Fianna Cycles, Diarmuid and Gráinne, etc, etc.


Fuck it, we *invented* the land of the *ever young* where it was
perilous for mortals to set foot. Viewed in this context, Tolkien has fallen victim to the regime of the conquering Dane/Angle/Saxon/Norman who supresses the existing rich traditions of the country they invade then invent their own.

Irish people have never had these problems of English people. England has always been a culture overlain, one culture on top of another until its quest for identity becomes confused. Ireland IMO, and to some degree Scotland and Wales have always subverted the incoming culture to Irish attitudes. The basic indomitability of the people and the land itself lends itself to this suborning. Ulster Unionists, being descendants of Scots planters, trading on English largesse, combine the worst of both worlds. An indomitable people: uprooted, trading on a culture without roots or identity with only their regard for their sovereign holding them together, forever divorced from the indigenous land and culture, never belonging, despising the southern Irish whilst at the same time forgetting that more of them died in the two World Wars fighting for the English sovereign than did Unionists.


Para que fique claro a dramática extensão desse denial de Tolkien

Elves is an English word, but the nature and history of the peoples so-called in my books has little or nothing to do with the European traditions about Elves or fairies.


Aí Tolkien, claramente, dá uma de desentendido. Os Tuatha Dé Danaan irlandeses se tornaram os Sidhe do folclore gaélico e os sidhe são o nome local que se dá para o povo das fadas. Obviamente Tolkien estava ciente desse fato mas não o reconhece em passagens como a desta carta.

Vemos então que o comentário de Tolkien de que a natureza e a história de seus elfos têm pouco ou nada a ver com as tradições sobre fadas ou elfos de povos europeus, no mínimo, é uma tremenda extrapolação. É dar um valor desmedido ao termo "fairy" num sentido muito específico e ignorar a importância de seus análogos, ficando fiel à letra e traindo o espírito da palavra.

E isso é uma atitude que ele próprio criticou ao falar que " contos de fadas" como ele os entendia, inclusive, não precisavam incluir as fadas propriamente ditas já que o essencial é o mundo onde as "fadas" habitam e o tipo de acontecimento maravilhoso que acontece lá. E foi , ironicamente nesse mesmo contexto que ele citou o fato de que no folclore celta os shee ( ou sidhe)desempenhavam o papel das fadas, na nota número cinco do seu ensaio sobre os Contos de Fadas. Ele , inclusive, disse, no mesmo texto, que os contos de fadas irlandeses centrados nos shee são os únicos que podem ser chamados contos de fadas, ou seja, protagonizados por esses seres propriamente ditos, se nós formos usar a definição restrita do termo que sugeria que todo conto de fadas devia conter aparições dos povos feéricos.

Now, though I have only touched (wholly inadequately) on elves and fairies, I must turn back; for I have digressed from my proper theme: fairy-stories. I said the sense “stories about fairies” was too narrow5.


5 Except in special cases such as collections of Welsh or Gaelic tales. In these the stories about the “Fair Family” or the Shee-folk are sometimes distinguished as “fairy-tales” from “folk-tales” concerning other marvels. In this use “fairytales” or “fairy-lore” are usually short accounts of the appearances of “fairies” or their intrusions upon the affairs of men. But this distinction is a product of translation.
.



Pintura de John Duncan, ilustrando os Tuatha dé Danaan

Aqui vai um sumário de algumas das similaridades entre os Noldor e os Tuatha Dé Danaan, algumas poucas delas já eram comentadas em 1969 por Lin Carter, até onde eu sei ele foi o primeiro a perceber as similaridades e comentar o fato em livro. Com certeza se ele tivesse atualizado o texto do livro depois da publicação do Silmarillion em 1977 teria deixado tudo às claras há muito mais tempo. Aliás o simples fato dele não tê-lo feito sugere alguma coisa errada nisso daí. Isso e a súbita fall from grace do autor no fim dos anos setenta.Mas isso é outra história que envolve drogas e a ascensão dos Tolkien clones como Terry Brooks e David Eddings

Os Tuatha Dé Danaan, assim como os elfos Noldor de Tolkien, eram detentores de grande poder mágico, eram "imortais" mas podiam morrer por desgosto ou ferimento físico superior ao seu dom de regeneração, tinham uma pátria paradisíaca além do Oceano Ocidental ( País do Verão, Tir na Nog ou Hy Brazil), exatamente igual a Aman, reencarnavam do mesmo modo que os elfos de Tolkien reencarnavam no começo do Legendarium, viviam entre "dois Mundos" como o Glorfindel depois de reencarnado e trazido de volta à Terra Média, chegaram à terra da Irlanda e enfrentaram ou entraram em acordo com seres "aparentados" consigo próprios que tinham características monstruosas ou "menos luminosas" ( os Firbolg, paralelos aos Moriquendi, elfos cinzentos e os Fomoire, paralelos aos Orcs.

Vale ressaltar que o nome dos Fomoire ( "submarinos") lembra na fonética e no significado um nome alternativo dos Teleri (também nome próprio celta de um personagem menor do Mabinogion), Falmari, "elfos das ondas"). Os Tuatha tinham como base de operações do seu Grande Rei , mesmo título dado ao Rei Supremo dos Noldor ( High King) que governava os outros reis menores, um monte chamado Tara, lembrando o nome da habitação original daquele que seria High King dos Noldor mais tarde, o monte Taras de Turgon em Vinyamar.

Também um dos Tuatha, Nuada "Mão de Prata" ( "coincidentemente" o mesmo significado de Celebrimbor) perdeu uma mão na guerra com os Firbolg e abdicou do trono em favor de Bres, o formoso, assim como Maedhros perdeu uma mão e abdicou da soberania dos Noldor em prol de seu tio , Fingolfin. Também os Tuatha Dé Danan queimaram os seus barcos quando chegaram na Irlanda assim como os Noldor queimaram os deles , apenas por um motivo diferenciado da mesquinharia de Fëanor ( mas a traição e o medo de deserção também eram a explicação).



E o pior é que a lista de paralelos entre os Tuatha e os Noldor feita acima não exaure as similaridades , tem muito mais de onde elas vieram e só agora estão sendo devidamente estudadas mesmo em inglês. As comparações com o mito celta até, no meu entender, dado o tamanho das correspondências,deveriam ser "lugar comum" em um grau muito maior do que , por exemplo , ocorre com a mitologia clássica, mas como as pessoas têm, por enquanto, uma familiaridade muito menor com ele ainda vai levar, provavelmente, décadas para isso mudar. Mas a tendência atual é essa porque os materiais celtas se tornaram mais fáceis de achar com a popularização da Internet onde livros clássicos sobre o tema com poucas reedições caíram no domínio público.

O mito celta, na verdade, é hipercomplexo mesmo, tão complexo que a falta de consenso dos estudiosos já começa com a grafia dos nomes, pra não falar na pronúncia deles onde até os falantes das línguas gaélica e galesa parecem discordar às vezes (muita variação dialetal).

Só pra confirmar isso, o fato de que os guias de pronúncia são mutuamente contraditórios olha só a opinião da Lady Charlote Guest

I have not followed a fixed rule as to the spelling of Irish names: I have taken the spelling I give from various good authorities, but they vary so much that, complete accuracy not being easy, I sometimes look to custom and convenience. I use, for instance, "Slieve" for "Sliabh", because it comes so often, and a mispronunciation would spoil so many names. I have treated "Inbhir" (a river mouth) in the same way, spelling it "Inver", and even adopting it as an English word, because it is so useful. The forty scholars of the New School of Old Irish will do us good service if they work at the question both of spelling and of pronunciation of the old names and settle them as far as is possible.




Na verdade, a mitologia "celta" engloba pelo menos quatro ou cinco mitologias distintas e aparentadas e , no caso da irlandesa, uma mitologia subdividida em quatro fases distintas com fontes e "clima" diferenciados, umas eruditas e clericais, outras populares e folclóricas.

Como bem explicou Cláudio Quintino no seu site

À primeira vista, a amplitude da mitologia celta assusta. São incontáveis (literalmente) deuses e deusas com nomes complicados, grafias estranhas, lendas desencontradas e atributos variáveis. Pudera: os mitos e lendas celtas de terras tão distantes quanto o sul da França e a Escócia, pertencentes a períodos tão diferentes quanto a Idade do Ferro e o período medieval, todos eles foram agrupados sob o rótulo “Mitologia Celta”. A confusão é imediata: como conceber uma mitologia que nos apresente seres poderosos como Taranis, Teutatis e Esus, o trio de poderosos deuses da Gália celta descritos pelos escritores clássicos ao lado dos leprechauns do folclore irlandês?

A verdade é que, de fato, eles não pertencem a uma mesma mitologia: as diferenças culturais das terras e épocas em que tais mitos se desenvolvem são tantas e tamanhas que só mesmo muita dedicação, bom senso e boa vontade podem proporcionar uma compreensão mais profunda dos símbolos desses seres divinos. Símbolos, mensagens, significados: todo mito traz em seu bojo uma mensagem transformadora, captada não pela mente racional, mas pelo subconsciente, pela alma de quem lê ou ouve o relato.



Os patriotas irlandeses católicos tinham se aproveitado da queda da hegemonia britânica e fizeram a independência do país em 1921 deixando os remanescentes protestantes fiéis ao Commonwealth separados na Irlanda do Norte. Pensem no impacto psicológico ( para não falar das repercussões econômicas e sociais) disso no inglês médio. Foi como se a separação da Irlanda marcasse o fim de uma era e a ascenção definitiva dos EUA como potência global.

É por isso que, quando Tolkien escreveu a tal carta repudiando a influência celta, isso era o "politicamente correto" na época, ainda mais considerando que ele era católico e já olhado com uma certa "suspeita" no próprio país e , principalmente, quando ele era mesmo anti-anglicano( na mesma proporção em que os seus conterrâneos tendiam a ser anti-católicos, inclusive C.S. Lewis que, para desgosto de Tolkien, voltou a ser um "protestante da Irlanda do Norte" ao se recristianizar.

Tolkien não podia admitir a influência celta naquele momento histórico em particular porque fazê-lo, imediatamente, atrairia suspeitas no sentido de considerá-lo um simpatizante "papista" dos Irlandeses do sul católico.Como, inclusive,numa certa época, ele passou a dar aulas lá, essa desconfiança viraria certeza e, assim sendo, reconhecer o débito céltico da mitologia do Silmarillion implicaria em, praticamente, erradicar a possibilidade de publicar o livro tal como tinha sido concebido.




John Duncan, desta vez pinta os Fomoiré ( pintura de 1912),me parece que nessa ilustração estão protótipos das imagens dos Nazgûl e de Gollum

Reparem na similaridade do "Cavaleiro Pálido" dos Fomoire representado acima com o Encapuzado ( Hooded One) do comic americano Bone de Jeff Smith e , na tabela (ou seria o contrário) com os Nazgûl de Tolkien que, assim como o Encapuzado também são mortos-vivos "atados" a um Senhor das Trevas. O nome nasc que compõe o nome dos Espectros do Anel que Tolkien considerou um empréstimo inconsciente do gaélico significa anel mas também vínculo com o sentido de jugo ou grilhão.





Se valendo disso,(que o "inimigo" está dividido para "conquistá-lo") diversas pessoas no mundo "anglo-saxão" se aproveitaram pra ir à forra com a "ressaca" pela Independência da Irlanda logo depois da primeira Guerra e o subsequente mal-estar e rivalidade "guerra fria" resultante dos conflitos internos provocados pela facção católica republicana e nacionalista da Irlanda do Norte que queria ver o país reunificado com a Irlanda do Sul papista, o que deu em conflito de guerrilhas armadas que raivou até o fim da década passada.

Isso, óbvio, afetou a Inglaterra, a Irlanda, o país de Gales e a Escócia em maior ou menor grau.

E vale lembrar que houve inclusive desentendimentos importantes e sérios no meio da Segunda Guerra onde a Irlanda manteve uma fachada de neutralidade politicamente incorreta.

Então, os americanos e ingleses "abafaram" a influência da mitologia céltica sobre eles e sobre tudo o que eles faziam porque ela tinha sido usada pra promover o sentimento patriótico da Irlanda e do pais de Gales durante o movimento literário chamado Renascimento Céltico.Se havia alguma divulgação davam destaque só pra parte "galesa" ( Chronicles of Prydain de Lloyd Alexander,Tetralogia do Mabinogion(iniciada em 1936, de Evangeline Walton,ambos feitos por americanos.

Na Inglaterra, Alan Garner e Susan Cooper usaram, principalmente, a vertente arturiana, dando uma disfarçada aqui e ali quando usavam coisas irlandesas)e repudiavam ou ocultavam ( ou foram forçados editorialmente a ocultar)a "gaélica" como Tolkien fez.

No caso do Alan Garner, isso parece ter feito com que ele tivesse abortado a idéia de concluir a saga iniciada com a Pedra Encantada de Brisingamen,já que, no segundo livro, fica claro que o rei messiânico adormecido não era Arthur como muitos poderiam presumir, mas, sim, o seu análogo irlandês, Finn. Isso colocou, se me perdoam o trocadilho, um "fim" na sua idéia de concluir a saga elaborando a respeito dessa revelação ocorrida na segunda parte, Lua de Gomrath, porque, muito provavelmente, os ingleses viraram pra ele e disseram que ele não podia conservar esse elemento na planejada sequência, que ele era obrigado a mudar o nome do personagem que só era associado a outros nomes, também gaélicos, como Camha e Moriath ( Moriath, hein? huuuummmm).

E, com isso, não só o próprio Tolkien negava a influência celta em geral e a gaélica em particular, como, também, os americanos e ingleses, por uma conspiração silenciosa, fingiam acreditar( e, em grande parte, fingem até hoje) uma vez que, comparando, seria o mesmo mal-estar se descobríssemos que os argentinos inventaram o futebol e que Pelé e Zico eram imigrados de Buenos Aires.

Até os anos 30 seria estranho para um inglês ou americano fazer histórias com divindades greco-romanas como as que passaram a pipocar a torto e a direito nos EUA. Deusa Vênus nos comics da Marvel, Wonder Woman na DC, Mercúrio, Zeus, Atlas e Hércules nas histórias do Shazam, o Capitão Marvel, pra não falar nos filmes ( os clássicos de Ray Harryhausen e os diversos Hércules), séries animadas e o escambau.

Um exemplo que ilustra perfeitamente bem essa verdade. Essa pintura reproduzida abaixo foi feita por J.C. Leyendecker para uma revista americana em 1907 ilustrando um artigo escrito pelo futuro presidente Franklin Delano Roosevelt.Creio que foi por isso que ela foi escolhida como o modelo para a primeira capa da revista da Wonder Woman enfrentando os nazistas. Uma clara mostra de inspiração céltica disfarçada revertida a um modelo clássico greco-romano e usado como instigador nacionalista na época da Segunda Guerra.



Cuchulain e seu auriga Laeg

Vejam a semelhança com a capa de Amazons Attack 01, nem um pouco parecidas né?



Como já dito já é uma homenagem pra primeira capa da revista da Wonder Woman , tradição essa iniciada por Alex Ross em Kingdom Come











Estátua de Cuchulain e seu filho


Odin pranteia seu filho Thor



Se tivessem mantido o padrão do fim do século 19 seria muito mais crível se esperar que um falante de língua inglesa como Carl Barks (quadrinista do Tio Patinhas) fizesse histórias em quadrinhos onde ele, junto com Donald e os sobrinhos, saísse atrás de tesouros celtas ( Lia Fail, Caliburn-Excalibur, Caldeirão da Vida, Santo Graal, Lança de Lugh) do que em "Busca do Velocino de Ouro" ou da Pedra Filosofal encontrada no Labirinto de Creta onde Teseu peitou o Minotauro.

Até porque, diga-se de passagem, pesquisando aqui não achei nenhuma história de Patinhas e sobrinhos onde eles fossem atrás de um artefato celta, o que é um absurdo, sendo a mitologia celta, praticamente , a mitologia da Caça ao Tesouro do jeito que é.

A história dos filhos de Tuirenn
, Culhwch e Olwen, Os espólios de Anwnn, além de toda a Busca do Santo Graal são todos, todos histórias de "Caça ao Tesouro" de importância capital para a mitologia toda.





Carl Barks chegou a fazer uma história onde apareciam os panteões greco-romano e nórdico Mistério Mítico Thor, Odin, Hercules, Vulcano davam as caras mas nem sequer ,alguma vez, se usou um nome celta como Nudd, Lugh , Taranis ou Cuchulain. Isso muito embora Zeus e Odin fossem nomes diferentes dados ao mesmo individuo na história do Barks

Esse "espírito de época" neo-neoclássico" era uma reação ao "romantismo" céltico. Foi só depois do sucesso do SdA que começaram a aparecer adaptações "nórdicas" nas outras mídias, começando com a própria história do Barks de 1961 e o Thor ( Lee e Kirby) em1962 e depois com os Novos Deuses de Jack Kirby, o que deu uma certa cortada nessa tendência classicista.

Podemos até dizer que Tolkien e o Senhor dos Anéis publicado em 54-55 ( junto com a Espada Quebrada), realmente resgataram a mitologia nórdica para o imaginário pop da cultura ocidental depois dela ter sido cooptada pelos Nazistas. Nesse sentido o Senhor dos Anéis foi mesmo um antídoto para o mau uso que Hitler havia feito do Anel do Nibelungo.



Então passou a vigorar uma onda de neoromantismo nórdico ( por falta de um termo melhor) onde a mitologia celta sempre dava uma espreitadinha pelas beiradas (como deu no Senhor dos Anéis em todo o plot de Aragorn , em Lothlórien e na história de Rohan ): o martelo de Thor da Marvel imitava a escrita da Sword in the Stone arturiana e céltica e o Scafloc da Espada Quebrada de Poul Anderson(livro de 1954, contemporêneo do SdA, era auxiliado por Manannan Mac Lir, deus celta dos Tuatha Dé Danaan irlandeses.

Claro que esse "romantismo fantástico" seguia a tendência tolkieniana, uma "sanitização" do "tosco", uma ênfase no belo e não nos aspectos cruentos de ambas as sociedades, céltica e teutônica. Assim, Odin, na Marvel, estava muito mais pra um Gandalf , rabugento, poderoso e bem-intencionado do que para sua contraparte wagneriana /nórdica, cruel, autoritário e farisaico.




Who so Pulleth Out This Sword of this Stone and Anvil, is Rightwise Ruler Born of England.








Até mesmo Star Wars, além de chupinhar Tolkien ( ao lado de Castaneda, Flash Gordon, Lensmen e etc), usava "coisas célticas" como acabei de mostrar aqui

O Michael Moorcock também, como Tolkien , se abeberou de fontes célticas e arturianas e deu uma mascarada nelas não só no seu Elric mas também em Corum "Silverhand" que tem o mesmo significado de Celebrimbor ( e, me arrisco a dizer, uma série de pontos similares também).

Esse estado de coisas sóestá mudando agora capitaneado com o revival de literatura arturiana a partir dos anos oitenta.De lá pra cá, os autores de fantasia começaram a usar cada vez mais a mitologia celta como fonte de maneira explícita e contrapartes ficcionais celtas começaram a aparecer pela primeira vez nos universos de quadrinhos da DC e da Marvel.

Vejam quantos trabalhos acadêmicos que, tangencialmente, conectam cultura celta a Tolkien estão sendo feitos em uma faculdade em Portugal.

Até como símbolo disso o herdeiro de Carl Barks, o Don Rosa, já fez uma história onde Donald topava com o Once and Future King, o rei Arthur, embora diga-se, ele não tenha dado ao rei um tratamento muito elogioso, como seria de se esperar de um "ianque na corte do rei Arthur"

Então, à medida, que isso acontecia nas duas últimas décadas, as pessoas começaram a olhar pra mitologia de Tolkien e a ver os paralelos . Um Bernard Cornwell faz uma trilogia do rei Arthur dando destaque pra "Meriadoc", "Druidan", e "Iorweth", as pessoas descobrem que Tolkien ,afinal não inventou os nomes Hobbit e Halfling e que ambos têm influência celta e aí , de repente,começaram a sacar que tem alguma coisa errada em se levar ao pé da letra a negativa de Tolkien de que, pra início de conversa os "nomes não são celtas e que nem o eram as histórias".


Lady Haleth
Not that one, the other one.

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I've been reading The Winter King and really enjoying the new perspective on the Arthur legend. It's such a fresh approach and totally believable as a novelization of actual historical events. (And it is easy to see how the oral telling of the stories could be altered over the centuries to end up as the whole Camelot thing.) Anyway, the thing I wanted to point out was the frequent popping up of Tolkien names... Druadan, Merriadoc, Edain... and I cannot help but read Ioreth for Iorweth. I wonder if Tolkien and Cornwell used actual names from history, or if the good Professor made them up and Cornwell borrowed them?












Lugh by Mickie Mueller


Cuchulain da Marvel, arte de Colleen Doran (1993)

Cuchulain, Gárgulas da Disney(1995)



E o pessoal que fez os filmes parece pesquisar e usar essas referências a torto e a direito.

E pagaram o preço sendo violentamente criticados por repórteres britânicos que repudiam o celta e ,especialmente, o que é evocativo do "irlandês" nos filmes.

Next, he would have spent a week chewing a carpet about the innumerable liberties taken with his storyline. Why, he would have asked in despair, has his quintessentially English shire been turned into an outstation of Riverdance? "I do know Celtic things and feel for them a certain distaste. They are in fact 'mad'," he wrote in an untypically snotty letter in 1937. So why do the hobbits do Irish jigs at Bilbo Baggins' birthday party?

Why are two of the hobbits in the fellowship, Merry and Pippin, cast as prat-falling Irish clowns? Why does Howard Shore's music break into repeated Irish warbling? Because, as he would dolefully have guessed, James Cameron's Titanic proved that dollops of Irishry play well with the US box office.

Yet Ireland's belated revenge on the author is only part of the problem. Why are the industrious hobbits shown cultivating fields of oilseed rape and sweetcorn - crops which postdate both Sarehole and the Shire? Why do massed choirs break into manic Dies Irae-type chanting every time the Nahzgul, the dark lord Sauron's dreaded riders, appear? Because this has been a horror-film cliche ever since The Exorcist and The Omen series; and because the director Peter Jackson's dark horsemen aren't in themselves very scary. They and their steeds were more frighteningly done in the 1978 cartoon version.


Os responsáveis pelos filmes, inclusive, parecem ter percebido a relação próxima entre o Balrog de Mória e o Chernobog de Fantasia ( John Howe um dos artistas conceituais contratados pelo PJ já havia usado a imagem de Chernabog como modelo para seus balrogs nas capas), e , outrossim, pelo que consta, usaram a peregrinação do segmento do Ave Maria para fazer a comitiva élfica que iria acompanhar Arwen até os portos cinzentos, andando silentemente por uma "catedral" de árvores.

O paralelo retratado abaixo parece mostrar que tipo de associação os colaboradores de Peter Jackson fizeram


Arwen no mausoléu de Aragorn


Guinevere e Lancelot na tumba de Arthur se encontram pela última vez



Vestido de luto de Arwen , comparar com o hábito de freira de Guinevere